51% dos brasileiros estão insatisfeitos com a vida sexual, aponta
pesquisa. Psicóloga de Uberlândia dá dicas para reverter o quadro e
conseguir prazer.
Mais da metade dos brasileiros (51%) estão insatisfeitos com a vida
sexual. Pelo menos é isso que indica o último estudo feito pela Durex
Global Sex Survey que revela também que 62% dos homens sentem
dificuldade em manter uma ereção e somente 22% das mulheres alcançam o
orgasmo quando tem relações sexuais. Para a psicóloga e especialista em
Terapia Sexual de Uberlândia, Mônica Lima Souza, isso é reflexo do “fast
sexo”, ou seja, da satisfação rápida com o mínimo de esforço possível.
A especialista explicou que a maioria dos casais têm relações sexuais
rápidas e dedicam pouco tempo às preliminares. Isso gera, segundo ela,
frustração.
Mônica contou que o que mais observa no dia-a-dia do consultório são
pessoas, de ambos os sexos, com desinteresse sexual. Nesse contexto, ela
entende que o álcool, o tabagismo, excesso de café, até mesmo o açúcar
são as “drogas do prazer” que podem reduzir a vitalidade sexual, assim
como muitos produtos farmacêuticos. “A sexualidade tem relevância
legitimada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que a reconhece como
um dos pilares da qualidade de vida. O sexo está ao lado da satisfação
com o trabalho, a convivência com a família e o lazer. Com isso, dá para
ver a importância dele na vida do ser humano”, afirmou.
Para dar sustentação aos posicionamentos dela, a especialista citou um
estudo da psiquiatra Carmita Abdo, da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo – Projeto Sexualidade (ProSex). A análise
revelou que a satisfação com a vida está diretamente relacionada ao
sexo. Para os homens, 58,8% consideram muito importante o sexo para a
vida e 50,4 % das mulheres também consideram importante. E 31,7% dos
homens classificam sua vida sexual excelente. Já as mulheres são 32,2 % .
O restante relata na pesquisa que estão mais ou menos satisfeitos ou
não satisfeitos. “Particularmente, considero isso assustador”, comentou
Lima.
A especialista acrescentou que a insatisfação sexual pode estar
relacionada às mudanças hormonais e também questões relacionadas à
autoestima, em especial da mulher. “Não se sentir mais atraente,
rejeitar o próprio corpo, tudo isso diminui o apetite sexual e empurra a
pessoa para uma situação onde ela simplesmente se acomoda com o fato de
não fazer sexo. O homem também pode passar por essa incômoda situação
se sentir o peso da crise da meia idade. Esta acomodação, no entanto,
não quer dizer que eles estejam felizes com essa situação”, completou.
Relacionamento sem sexo
A especialista afirmou que o sexo é a primeira coisa que se deixa para
amanhã nos relacionamentos e esse amanhã pode demorar chegar. Isso
acontece quando a lista de afazeres do casal ou de um deles é extensa.
Mônica comentou que com isso, o sexo deixa de ser prioridade até simplesmente se tornar um evento raro na vida de alguns casais.
Ela justificou a opinião citando um estudo realizado pelo Ministério da
Saúde, em 2008, que revelou que 11% das pessoas que mantinham um
relacionamento estável não haviam tido relações sexuais no período de um
ano. “Vejo que esse é um dos motivos que o número de traições vem
aumentando a cada dia, visto que alguém pode se aproximar e fazer um ou
outro reviver os prazeres da vida”, comentou.
Sexo na terceira idade
Mônica explicou que no começo dos anos 40, por exemplo, era considerada
velha uma pessoa de pouco mais de 50 anos de idade, já que a expectativa
de vida da população brasileira era de 45 anos. Hoje, essa expectativa
subiu para 71 anos.
A especialista comentou que o mito mais popular é que o envelhecimento
traz impotência sexual, mas que médicos, psicólogos e sexólogos já
desmitificaram esse assunto. “É possível, sim, um idoso fazer bom uso de
sua sexualidade, claro que de formas diferentes, não mais com aquele
vigor da juventude, porém com mais carinho e sutileza”, disse.
Qual a saída?
Para não chegar ao limite e deixar o sexo e consequentemente a qualidade
de vida de lado, Mônica orienta aos casais a refletirem sobre a vida e
tirar tempo para viver os prazeres. “O dialogo é essencial, pois por
meio dele os casais podem definir se a insatisfação poderá ser superada
ou não, e, claro, se estão dispostos a melhorar essa situação”, disse.
Para a especialista, o stress, o trabalho em excesso e problemas
financeiros podem interferir na energia sexual. “Um bom exercício é o
autotoque. Navegue no seu corpo, descubra os pontos do prazer e se
deleite. Olhe para seu parceiro ou parceira e estimule a troca de
caricias. Dê o direito de sentir prazer e proporcionar prazer ao outro.
Se for preciso, procure ajuda de um especialista que saberá abordar esse
assunto com o casal”, afirmou.
Mônica aproveitou para esclarecer a diferença de sexo e sexualidade e a
importância dos dois na qualidade de vida. “O termo sexualidade
refere-se ao lado afetivo e faz parte do nosso dia a dia. É nossa
maneira de ser e vivenciar tudo que a vida possa nos oferecer. Então,
posso dizer que sexo é uma das maneiras que expressamos nossa
sexualidade, porém não a única. Por outro lado, o termo sexo é empregado
para designar a parte biológica do indivíduo, ou seja, ter uma
identidade sexual”, concluiu. Fonte: G1