Quando ocorre um crime como o assassinato da menina Júlia Lima Rodrigues de Souza, de apenas 8 anos, na cidade de Lapão, além da dor, fica um mistério: porque alguém
atrairia e doparia uma criança com um brigadeiro, para depois matá-la? Enquanto a polícia investiga, todos os que cercavam Maria de Fátima dos Santos, 48 anos, assassina
confessa da garota, se vêem as voltas com essa questão. Quem mais ficou surpreso foi o próprio marido da assassina, Valdivino Rodrigues Macedo, que desde dezembro está em Minas Gerais a trabalho. “Ela era meio nervosa, mas nunca fez nada que eu pudesse imaginar uma coisa dessa. E se dava muito bem com a menina (Júlia). Acho que ela estava possuída. Não foi ela naquele momento”, assegura.
No entanto, o pai da vítima, o vereador Getúlio Silva, já começou a desconfiar de Maria de Fátima antes que ela confessasse o crime no último dia 5, por saber que ela foi a última pessoa a ver sua filha. Mas sua mulher, Núvia Carlane Souza, 41 anos, nem cogitou que ela fosse a assassina. “Minha mulher não conseguia acreditar que poderia ser ela. Júlia já dormiu na casa dela, brincava com a filha dela”, relata ele.
Maria de Fátima deu um brigadeiro a Júlia com tranquilizantes. Depois, amarrou um saco plástico na cabeça da criança e a colocou dentro de uma fossa. Ela confessou o crime, na segunda-feira à noite, em depoimento á polícia.
Segundo os pais da vítima, a relação entre as duas famílias era de confiança. “A única amiga da menina era minha filha, porque ela era superprotetora, só andava agarrada com a filha”, lembra a mãe Núvia, diretora da Escola Municipal Antônia Gaspar, onde sua filha e a da autora do crime estudavam.
Adoção
A dedicação de Maria de Fátima à sua própria filha poderia ser explicada pela início da relação entre as duas. Segundo seu marido, ela, que teria dois filhos adultos em Alagoas - sua terra natal - quis adotar uma criança no início do relacionamento.
“Nena, uma menina que trabalhava com a gente, já tinha uns sete, oito filhos e estava grávida de cinco meses. Alguns dias antes do parto, levamos ela para Barreiras e adotamos a criança ainda recém-nascida. Mas depois Nena voltou para sua terra, Buriti Seco, e morreu no parto de outro filho”, contou Valdivino.
Apesar do crime brutal, Valdivino pretende visitar a mulher. “Quero conversar com ela, saber o que aconteceu. Estava tudo bem quando eu saí de lá”, diz ele.
Igreja Quando Maria de Fátima chegou em Lapão há quatro anos se converteu, junto com o marido, na Igreja Batista Missionária. Segundo Valdivino, ela frequentou a igreja por algum tempo, mas depois abandonou a religião e, em suas palavras, “se desviou”.
A mãe da vítima conta que no período que Maria de Fátima estava frequentando a Igreja Batista Missionária dizia que não se sentia bem quando entrava no templo, chegava a se arrepiar e, por isso, deixou frequentar o culto. Além disso, acrescentou Núvia Carlane, muitas pessoas que frequentavam a igreja não se sentiam bem com a presença de Maria de Fátima.
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