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O pedreiro Edson de Araújo, 53 anos, era frequentador assíduo da Churrascaria e Pizzaria do Galego, em Itapuã. A última vez que comeu lá foi segunda-feira e, logo após, começou a sentir-se mal. Passou a semana sendo atendido em hospitais e, ontem, foi enterrado no Cemitério Municipal de Itapuã. “Meu pai era um homem saudável. Depois de comer no Galego começou a vomitar, a sentir dores no estômago”, conta Anderson Araújo, filho de Edson, que morreu na tarde de sexta-feira no Hospital Municipal Professor Jorge Novis, em Lauro de Freitas, após o primeiro atendimento na Unidade de Pronto Atendimento Dr. Hélio Machado, em Itapuã.
Mas esse não se trata de um caso isolado, pelo menos outras 44 pessoas procuraram atendimento na UPA de Itapuã ao longo da última semana após comer na churrascaria, segundo confirmou ontem a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Na rede estadual de saúde, pelo menos seis pessoas buscaram atendimento nos hospitais Roberto Santos e Eladio Lasserre, duas no Hospital da Bahia e seis no Hospital do Aeroporto. Ou seja, foram pelo menos 58 pessoas internadas após comer no restaurante.
Um dos casos mais graves é o do marido e sogra de Ana Patrícia dos Santos. “Eles estão internados no Hospital da Bahia. Minha sogra, em janeiro, fez uma cirurgia para tirar um tumor do pâncreas. Ela tem a saúde frágil e está sofrendo muito com diarreias e vômitos desde quando comeu galinha com maionese da churrascaria com meu marido”, conta.
Amigos e parentes de Edinho Pipoca, como era conhecido o pedreiro, estiveram ontem no restaurante após saber da morte. O dono do estabelecimento disse que aguardaria o resultado da necropsia para dar assistência à família, segundo conta os parentes. “Ontem (sexta) foram várias pessoas lá de noite, queriam quebrar tudo, só não fizeram isso por causa de duas viaturas da PM”, afirma Anderson. A família da dona de casa Maria de Fátima Pereira da Silva também passou mal. Ela, o filho e o marido tiveram os mesmos sintomas que Edson e foram atendidos no Jorge Novis.
Maria comprou na segunda-feira marmitas com feijão fradinho, arroz, saladas de maionese e à vinagrete, carne, calabresa e frango. Após o almoço começaram os sintomas. “Foi muita dor na barriga, nem me segurava em pé, ficava quase que desmaiando e muita diarreia, que ainda estou até hoje. Meu esposo ainda está de cama”, contou. Eles gastaram cerca de R$ 80 de medicamento, que foi custeado pelo dono do estabelecimento. “Ele (o Galego) está dando socorro às pessoas, pagando medicamento”, diz Maria.
A subcoordenadora da vigilância sanitária de Salvador, Carina Queiroz, esteve ontem na churrascaria e após vistoria no local determinou sua interdição temporária. “Entregamos aos donos um termo de interdição até que sejam concluídas as investigações sobre a causa desses internamentos de pessoas que dizem ter passado mal após comer aqui”, explica Carina, que encontrou irregularidades sanitárias na churrascaria. A equipe da vigilância recolheu alimentos que foram produzidos no restaurante nos dias 29 e 30 de novembro. O laudo deve ficar pronto em 15 dias.