Novas drogas sintéticas atraem um número maior de usuários no mundo
todo. Uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, mostrou grandes
quantidades de
drogas apreendidas pela Polícia Militar, em São Paulo. Eram substâncias pouco conhecidas no país: a metilona e a 25I-NBOMe.
A metilona produz efeitos semelhantes aos do ecstasy (MDMA). É um
derivado das anfetaminas. Portanto, um estimulante que gera euforia e dá
mais energia, e que também pode alterar a percepção sensorial. Produz
taquicardia e elevação da temperatura corporal. Isso pode levar a
hipertermia, desidratação, arritmias cardíacas, convulsão e até à morte.
A droga 25I-NBOMe (ou 25i) é um potente alucinógeno, que guarda algumas
similaridades com o LSD (ácido lisérgico, hoje uma espécie de “avô” das
novas drogas sintéticas, mas ainda um dos mais consumidos no mundo). O
25i produz euforia e alucinações. É usado, em geral, por via sublingual
(selos colocados embaixo da língua). Pode levar até seis horas para
produzir alterações de comportamento. Efeitos colaterais incluem
paranoia, confusão mental, convulsão e morte.
Em 2013, no Reino Unido, algumas mortes de adolescentes foram atribuídas
a outro parente do ecstasy: o PMA (parametoxianfetamina). Como ele leva
mais tempo para atuar, muitos jovens podem ter consumido mais droga
porque não sentiram o efeito, e isso pode ter provocado uma
superdosagem.
Um relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime de
2013 aponta um aumento de quase 50% no número de novas substâncias
psicoativas. Elas saltaram de 166, em 2009, para 251, em 2012. Esse
número hoje já deve estar desatualizado.
A maior parte dos consumidores dessas drogas não tem ideia do que
compra. Na busca do efeito das “balas” (estimulantes da família das
anfetaminas e do ecstasy) ou dos “doces” (alucinógenos da família do
LSD), pode-se comprar uma droga nova, com potência e resultados
distintos do que esperam. Com isso, os riscos de complicações podem
aumentar. Boa parte dessas drogas pode ser encomendada pela internet.
Isso dificulta ainda mais o controle da qualidade. A velocidade com que
surgem e ganham novos mercados pega, muitas vezes, as agências
reguladoras, a polícia e a Justiça desprevenidas. Sem instrumentos
técnicos e legais, fica difícil para as autoridades pensar em
estratégias.
O jovem não percebe essas substâncias como perigosas. Elas estão na
moda. Completam o arsenal para ir a shows, festas e baladas. Sem
controle de dosagem, com a presença de possíveis contaminantes – alguns
inéditos –, fica difícil saber o que é ingerido e o que fazer em caso
de dificuldades. Muitas vezes, nem quem vende sabe do que se trata! Sem
trabalhar com os jovens esses riscos e informações, o problema
continuará crescendo. http://epoca.globo.com/