segunda-feira, 4 de março de 2013

Carcaças de animas as margens das rodovias é a mostra dos efeitos da seca no território do sisal

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Quem viaja pelas estradas entre cidades do território do sisal atingidas pela pior seca das últimas décadas no estado da Bahia, se espanta com a sequência interminável de carcaças de bovinos a apodrecer ao lado das pistas. A morte de cabeças de gado, aos milhares, é, para o viajante, o impacto mais visível e chocante da estiagem de quase três anos que afeta 582.331 habitantes, dos quais 333.149 vivem na área rural, o que corresponde a 57,21% do total.
Um exemplo da mortandade está no km 10 da BA-381, quase na chegada da cidade de Cansanção, trecho que liga a cidade de Itiúba. À vista, na margem esquerda da estrada (Itiúba/Cansanção), dezenas de carcaças de bovinos representam um aviso sinistro para os passantes. Depois dali, a quantidade de carcaças é tanta que chega a ser um componente da paisagem em todo trecho.
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São diversos cálculos de acordo o prefeito de Cansanção, Ranulfo Gomes (PSD), todos alarmantes sobre a pecuária no município de quantos bovinos já morreram e vão morrer, pois as previsões meteorológicas não são animadoras. “80% do rebanho acabou. Muitos morreram e outros os seus proprietários tiveram que transferir para outros municípios. Eu mesmo, fui obrigado a levar boa parte do rebanho para Itapetinga”, lamentou Gomes.
"Os urubus estão deixando as carcaças antes de devorar todo, diante da grande quantidade de animas mortos"
“Os urubus estão deixando as carcaças antes de devorar todo, diante da grande quantidade de animas mortos”
Ranulfo Gomes falou ao CN que a área mais afetada do município é chamada de Beira D’Água, onde está localizada a bacia leiteira e gado de corte. “O problema é sério tem todo município, mas agravante na região das comunidades de Pocinho e Bela Vista”, contou o social democrata.
Para o prefeito, a falência está batendo à porta das pessoas que vivem na zona rural, quer na lavoura do sisal, que praticamente não existe, agricultura familiar e na criação de bovinos e pequenos animais, devido à seca que assola o município. “Sisal murcho, motores parados, pastos dizimados, tanques, aguadas, açudes secos e animais mortos nos levou decretar situação de emergência”, concluiu.
Embora a visão impressione, as carcaças expostas nas estradas são uma parte menor da tragédia animal que assola o município de Cansanção. Segundo o pecuarista Fernando Alves Barbosa, residente em Senhor do Bonfim e proprietário de terras em Itiúba, aquelas carcaças de bois são dos animais que morreram em fazendas vizinhas à pista. “Por hábito, nós proprietários tiramos os restos mortais de nossas terras e os jogamos onde não há dono, ou seja, nos acostamentos”, falou Fernandinho, como é conhecido.
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Ao contrário de Fernandinho, o pecuarista Antonio Lopes, proprietário de uma propriedade no município de Jaguarari, ele não joga os animais mortos na beira das estradas. O argumento do criador é o de não considerar correto o despejo das carcaças em áreas públicas. “O boi morreu aqui, então aqui ele fica. Acho errado jogar fora”, disse “Seu” Antônio, 70 anos.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas

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