(Foto: Reprodução) |
A história de um dos mais polêmicos ídolos do futebol brasileiro ganha as telas do cinema. O ator Rodrigo Santoro teve que perder 12 quilos para viver o papel de Heleno de Freitas.
“Ele era de família rica, advogado, tinha tudo. Numa época onde ser jogador de futebol não era legal, como é hoje. Hoje é rockstar. Hoje ser jogador de futebol é maravilhoso, mas na época era uma profissão meio marginal”, conta o ator Rodrigo Santoro, que continua, "uma história que, apesar de ter acontecido há quase 70 anos, parece estranhamente contemporânea".
“Existe um paralelo perfeito. O drama que o Heleno viveu acho que pode ser comparado ao drama vivido pelos jogadores mais polêmicos de hoje em dia. Eu logo percebi que era uma grande história, e que era um personagem muito interessante. E mais: Rio de Janeiro nos anos 40. Um Rio glamoroso, dos cassinos e da rádio”, destaca o ator Rodrigo Santoro.
Nos salões do Copacabana Palace, o Heleno estava em casa. “Era um dos grandes points do Rio de Janeiro na época. Tinha um cassino. Até hoje é difícil de ter jogadores que frequentem o Copacabana Palace, por mais dinheiro, por grandes contratos milionários, mas o Heleno frequentava”, lembra o jornalista Marcos Eduardo Neves.
Marcos Eduardo Neves passou anos pesquisando e escreveu uma biografia do jogador. Esses dois universos, da sociedade e do futebol, se misturavam naquela época ou ele era uma exceção?
“O Heleno era totalmente uma exceção. Ele escolheu o futebol como meio de ele aparecer, um meio de ele ouvir 30 mil ou 40 mil pessoas gritando o nome dele”, conta o escritor.
“A fama é uma coisa complicada, porque sua relação com seu próprio ego se transforma a cada dia. Você está ali o tempo todo lidando com a opinião pública, o que pensam de você, o que dizem de você”, observa o ator Rodrigo Santoro.
Heleno era um bipolar muito antes de existir esse diagnóstico. Dá pra chamá-lo de bipolar? “Acho que dá. O Heleno tinha uma personalidade que metia medo, metia um respeito muito grande nos altos círculos”, destaca o jornalista Marcos Eduardo Neves.
Mas o astro que tinha tudo teve um final trágico: morreu num sanatório aos 39 anos, vítima de sífilis. Deixou apenas um único filho, Luiz Eduardo.
“Ele foi perdendo prestígio e foi perdendo tudo. Perdeu família, perdeu filho, perdeu mulher, perdeu amigo. Foi muito rápido. A ascensão dele, a queda dele foi uma coisa muito rápida”, comenta Luiz Eduardo, filho de Heleno.
Para interpretar o personagem, Rodrigo Santoro passou por um treinamento intenso para captar o estilo único que Heleno mostrava dentro dos campos. “Vamos dizer que eu nunca fui um prodígio do futebol. Sempre fui um jogador esforçado, mas longe de ser um craque como Heleno. O Heleno era reconhecido pela matada no peito e pela cabeçada”, comenta o ator.
“Quando fui conhecer o Rodrigo, eu estava na Praia do Leme. Ele veio caminhando pela areia, com óculos Ray Ban, que meu pai usava. Sabe quando você sente, é estranho, você vê seu pai vindo na sua direção”, lembra Luiz Eduardo, filho de Heleno. “Eu passei 50 anos nessa procura. Para mim, isso é o fim de uma história. É o fim de um ciclo”. As informações são do Fantástico.
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