A dona de casa Martinha Esquivel Santana, de 45 anos, entrou em contato com o Bocão News
para denunciar o descaso que o marido dela, Antonio Faustino da
Purificação, de 71 anos, ex-funcionário da Companhia Brasileira de
Chumbo (COBRAC), empresa instalada na cidade de Santo Amaro, no
Recôncavo Baiano, vem sofrendo ao longo dos últimos 30 anos, com as
consequências da poluição e a contaminação por chumbo.
Há
mais de 30 anos, a empresa francesa Peñarroya instalou a COBRAC no
município, que passou a se chamar Plumbum Mineração e Metalurgia Ltda,
vendida em 1989, ao Grupo Trevo. Em 1975, a COBRAC apresentou projeto,
que foi indeferido pelo Governo do Estado da Bahia, para ampliar suas
instalações industriais e aumentar a produção anual de chumbo de 30.000
toneladas para 45.000 toneladas.
Quando
funcionava, a fábrica doava para quem quisesse o lixo da produção, a
escória do chumbo. Com esse material venenoso que a Prefeitura de Santo
Amaro pavimentou boa parte da cidade. Com o material venenoso a
Prefeitura de Santo Amaro pavimentou boa parte da cidade. Hoje, as ruas
já estão calçadas, asfaltadas, mas, em qualquer área pavimentada.
Segundo a Universidade Federal da Bahia, isso contribuiu muito para a
contaminação de 18 mil pessoas.
Em
conversa com o site, Martinha Santana disse que o estado de saúde do
marido é crítico. “Ele trabalhou na boca de forno da fábrica e sofre
muito por falta de tratamento específico. Ontem mesmo foi uma situação
muito difícil aqui em casa. Uma dificuldade grande para levar ele para
Santa Casa de Saúde”, conta a mulher que em alguns momentos se emociona.
Ainda de acordo com Martinha, o marido já deu entrada na Justiça contra a COBRAC. “A gente colocou na Justiça, mas até o momento a gente não teve retorno de nada. Além disso, a empresa nunca deu qualquer tipo de ajuda a gente”, revela.
Segundo
informações publicadas no site oficial da Secretaria da Saúde do Estado
da Bahia (Sesab), em fevereiro deste ano, a pedido do Ministério
Público Federal na Bahia (MPF-BA), através da ação civil pública número
2003.33.00.000238-4, a Justiça Federal determinou que a União e a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) promovam a implantação de um Centro
de Referência para tratamento de pacientes vítimas de contaminação por
metais pesados, no prazo de seis meses, a fim de reparar os danos
sofridos por moradores, mas até o momento, as vítimas continuam sofrendo
sem apoio.
No
entendimento do MPF, a União e a Funasa são corresponsáveis pelos
danos, já que foram omissas em relação aos problemas de saúde que
acometeram 80% dos habitantes de Santo Amaro, principalmente os
ex-trabalhadores da mineradora. Apesar
da desativação da Cobrac em 1993, a população ainda corre risco de
contaminação por causa dos subprodutos de chumbo, cádmio, mercúrio,
arsênico e zinco, que foram descartados no terreno próximo fábrica.
Ainda segundo o site da Sesab, o local onde funcionava a fábrica não foi
devidamente isolado, o que possibilita o acesso de pessoas e de animais
na área contaminada.
Segundo
o site do órgão de Saúde, para evitar que a área seja acessada, a
Justiça decretou a intimação pessoal dos representantes da Plumbum para
que, no prazo de 15 dias, comprovassem providências para cercar a área,
colocassem avisos para a população sobre o perigo de contaminação e
elaborassem plano de permanência e revezamento de vigilantes na entrada
da antiga fábrica. Além disso, a empresa deverá cumprir determinações
que constam no relatório de inspeção, elaborado pelo Instituto do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), a pedido do MPF/BA, a fim de
evitar que a escória contaminada se disperse.
Durante duas semanas, a reportagem do Bocão News
tentou entrar em contato com Secretaria da Saúde de Santo Amaro, mas
não conseguiu falar com a secretária Mary Noranha que estava em reunião
em todas as oportunidades.
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