Homem deixa Dubai para encontrar mineira que conheceu na internet e sonho vira pesadelo

Vista do Raffles Hotel, em Dubai, paisagem dos sonhos de uma história que acabou virando pesadelo

Uma história que parecia ser um conto das mil e uma noites acabou se tornando um fardo para um casal que se conheceu pela internet. Depois de um ano e meio de conversa pelo computador a mineira Jade Melo (nome fictício usado na internet) ficou surpresa ao atender um telefone na noite dessa quarta-feira. Do outro lado da linha Bakul Bakulmiah contava, em inglês, que tinha chegado no Brasil para conhecê-la e que em pouco tempo chegaria ao Aeroporto de Confins.

"Não acreditei quando ele me ligou, pelo Facebook ele já tinha falado que viria , mas eu achava que era mentira", conta Jade Melos que não fala inglês e usava um serviço de tradução de texto para traduzir o que Bakul escrevia para ela.

Foto da atriz Giovanna Antonelli usada no perfil de Jade Melos

Com 41 anos, separada, mãe de três filhos e morando com a mãe ela acreditava ter encontrado seu príncipe árabe. Ela sabia que ele trabalhava em um grande hotel na rica cidade de Dubai, nos Emirados Árabes e acreditava que ia se encontrar com o homem de sua vida.

Os dois se conheceram em um site de relacionamentos que junta pessoas de forma aleatória. Depois de se falarem eles acabaram pegando os endereços do Facebook um do outro. Os dois usam uma conta separada para poderem se comunicar e constantemente se viam pelas câmeras. No perfil de Jade ela mostra uma foto de Giovanna Antonelli vestida como árabe.

Sua primeira decepção foi quando viu seu pretendente sair pelo portão de desembarque. "Eu esperava um homem e quando vi era um menino. Não tem nem tamanho pra mim", reclama Jade. "Pela internet não dava para saber como ele era de verdade", se justifica. Este foi o primeiro problema encontrado pelos dois.

A mãe de Jade não aceitou que o pequeno Bakul ficasse em sua casa e os dois foram obrigados a irem para um hotel. "O dinheiro dele não dava para pagar o táxi e no outro dia quando fomos tentar trocar vimos que nenhuma agência de câmbio trabalhava com dirham, a moeda dos Emirados Árabes", conta a mulher, que já não sabe o que fazer. Ela não fala quase nada de inglês e por vezes fala com o pequeno rapaz como se ele entendesse o que ela diz.

Foto real de Bakul em um de seus perfis no Facebook

Bakul, de 26 anos é muçulmano e nasceu em Bangladesh. Ele se mudou para os Emirados Árabes para ganhar a vida. Lá ele trabalhava como garçom e ganhava aproximadamente dois mil dirhans por mês, além das gorjetas pagas pelos clientes do hotel. Ele veio para o Brasil com a esperança de arrumar um emprego para poder morar aqui. Confiando que aqui teria uma companhia e que poderia começar uma nova vida e sequer comprou uma passagem de volta.

Mas parece que quando percebeu que Jade não queria mais nada com ele, acabou mudou de ideia. Ele tinha uma licença de dez dias em seu emprego e não sabe como voltar para Dubai, já que o dinheiro que tem com ele não dá pra comprar os bilhetes de avião.

Os dois estão buscando uma forma de conseguir uma passagem de volta para os Emirados Árabes. A polícia federal explicou para Jade que não pode deportar Bakul, pois ele tem visto de turista e que pode ficar por três meses no país. Durante este tempo nada pode ser feito. "Aprendi uma lição, não se deve acreditar no que se vê na internet", conta a mulher que já não parece mais tão interessada em ajudar o rapaz.

Perfis do Facebook usado por Bakul Bakulmiah e Jade Melos