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Em ano eleitoral, a política flerta com esportistas e personagens do show business. A cada dois anos, o público assiste a uma migração em massa do mundo dos famosos para o ramo da política. Os partidos não apenas apoiam o fenômeno, mas correm de maneira persistente atrás das celebridades e, até mesmo, das subcelebridades.
Em Salvador, dentre os candidatos às 43 vagas de vereador na eleição de 2012 estão os ex-jogadores do Bahia Beijoca (DEM) e Ronaldo Vieira Passos (PTN), a repórter e apresentadora de TV e rádio Aline Castelo Branco (PMDB), a dançarina Cissa Mulher Maravilha (DEM) e os cantores Cumpadre Washington (PSL) e Gerônimo (PSB).
Todos sonham em seguir os passos da vereadora Leo Kret do Brasil (PR). Eleita em Salvador, em 2008, com quase 13 mil votos, a primeira vereadora transexual da cidade tenta a reeleição este ano.
Na Câmara, a dançarina integra três comissões e tem como bandeira a luta contra a homofobia. “Não entendia muito de política. Meu assessor falou ‘você sabe o que o povo precisa; você já é uma política’”, conta a vereadora, que afirma ter estudado as funções do parlamentar antes de ser eleita. “Eu só vim com a cara, a coragem e a popularidade”, lembra. Em 2010, Alecsandro de Souza Santos, nome de batismo de Leo Kret, perdeu a eleição para deputada estadual.
Para a repórter e apresentadora Aline Castelo Branco, os 12 anos de experiência em rádio e televisão a ajudaram a compreender as dificuldades da população. “Sempre denunciei o que acontece na cidade. Eu sei o que as pessoas precisam”, assegura.
Conciliar as carreiras política e artística pode ser um desafio para os candidatos-celebridades. Ana Cecília Chagas, a Mulher Maravilha do grupo LevaNóiz, não quer deixar a dança, mas teme que a vida artística interfira no seu desempenho como vereadora. Cissa Mulher Maravilha, como a dançarina vai aparecer na urna, promete ajudar as pessoas que trabalham por trás dos eventos culturais.
Os candidatos-celebridades costumam prometer ações relacionadas às carreiras que os fizeram famosos. É o caso do ex-jogador do Bahia, Jorge Augusto de Aragão, o Beijoca. “Eu, como morador da periferia, quero incentivar o esporte nesses locais”, assegura. Beijoca, como Leo Kret, acredita na possibilidade de levar outros candidatos do partido à Câmara. “Acho que, se a torcida do Bahia demonstrar que realmente me ama como eles dizem, posso levar outras pessoas do meu partido”, torce Beijoca.
Apesar do “showmício” ter sido proibido em 2006, a visibilidade dos candidatos-celebridades costuma ajudá-los nas urnas. Cumpadre Washington, que pretende continuar no É o Tchan! depois das eleições, afirma que, por ser um pessoa conhecida em Salvador, pode levar muitos votos para a legenda.
Sobre o preconceito por serem artistas, apresentadores ou esportistas, os candidatos-celebridades são firmes em afirmar que não sentem hostilidade da população. “Não sinto preconceito”, garante Cissa Mulher Maravilha, que ainda conta receber algumas “alfinetadas” de blogueiros e jornalistas. “Não me incomoda em nada. Se estão me alfinetando é porque sabem que tenho chance”, afirma a dançarina que cursa Direito na Faculdade Dois de Julho e sonha em ser delegada.
PSL: Cumpadre para puxar voto
Apesar das diferentes diretrizes e partidos, os candidatos-celebridades têm em comum a tentativa de converter a fama que têm - ou que acreditam ter - em votos. Em geral, esses candidatos-celebridades são os puxadores de votos - as apostas dos partidos em representantes que podem receber votos o bastante para eleger outros representantes da legenda através do sistema proporcional.
“Vou ver o que eles têm a oferecer”, disse Cumpadre Washington momentos antes de se reunir com o PSL para acertar definitivamente sua candidatura. O cantor de pagode afirma que já pensa em se candidatar a um cargo político desde 2008. O presidente do PSL da Bahia Antônio Oliva acredita que o músico será um puxador de votos nas eleições deste ano. “Cumpadre Washington pode ser o Tiririca da Bahia”, torce.
O cantor do grupo É o Tchan! não gosta da comparação com o deputado federal. “Cada macaco no seu galho: Tiririca em São Paulo e eu aqui em Salvador”. No entanto, o pagodeiro elogia o trabalho do humorista na Câmara dos Deputados. “Eu achei que ele ia fazer uma coisa de errado, mas ele está se mostrando competente”, opina Cumpadre Washington, que pretende investir no marketing político e no corpo a corpo para ser eleito.
Alguns candidatos ainda herdam, inclusive, a fama dos parentes. É o caso do professor Jorge Amado Neto (PP), que tenta uma vaga na Câmara no centenário de nascimento do avô. O candidato acredita que ser neto do escritor baiano pode ajudá-lo nas urnas, mas pondera: “Tem o lado da responsabilidade imensa que é o nome que carrego, a história de minha família”. O professor conta ainda que o interesse pela política surgiu por influência da carreira do avô, deputado federal constituinte em 1946.
Fonte: Correio*
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