Em entrevista ao Fantástico, Kate diz: “não tenho dúvida que um dia iremos reconhecer a nossa filha. Tenho certeza de que Madeleine vai se lembrar de nós”.
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Poucas vezes um casal despertou sentimentos tão contraditórios em tanta gente. Será que eles são criminosos que fizeram mal à própria filha? Ou são pais que passaram por um sofrimento terrível e fazem de tudo pra encontrar uma menina perdida? O gesto é imediato. Aparecer de mãos dadas é um símbolo do casal. Mas Gerry e Kate Mccann sabem que o mundo não olha tanto para as mãos, e sim para os olhos deles em busca de uma resposta.A polícia britânica acredita que Madeleine Mccann ainda pode estar viva. Nesta semana, os investigadores da Scotland Yard divulgaram o resultado de uma longa revisão do processo. O detetive que comandou a revisão disse que a polícia britânica tem quase 200 novas pistas sobre o desaparecimento. Só que a polícia portuguesa ainda não vê motivos pra reabrir o caso.
Imagens divulgadas pela Scotland Yard mostram Maddie McCann aos 3 anos (à esquerda) e, em uma projeção feita em computador, como ela estaria atualmente aos 9 (Foto: AFP)
A família britânica passava férias com um grupo de amigos na Praia da Luz, na região do Algarve, em Portugal. Estavam hospedados no Hotel Ocean Club. Naquela noite, Madeleine foi deixada dormindo no quarto, junto com os dois irmãos menores. Os pais foram jantar em uma mesa com mais 7 pessoas no Tapas Bar, o restaurante do hotel.
Às 22h, Kate Mccann foi ver os filhos no quarto e deu o alarme: a janela estava aberta, e Madeleine não estava na cama. A família estava no apartamento 5A, onde estava a família Mccann na noite de 3 de maio de 2007. O apartamento tem acesso direto à rua dos fundos do hotel. E na esquina, Madeleine pode ter sido vista pela última vez.
Uma amiga da família disse à polícia que viu um homem desconhecido carregando uma criança, indo naquela direção. Desde então, Madeleine foi procurada pela maior operação internacional já montada para procurar alguém.
A busca só encontra novas perguntas, que continuam sem resposta. Os pais cometeram um crime? Em setembro de 2007, quatro meses após o desaparecimento, Gerry e Kate Mccann foram indiciados pela polícia portuguesa como suspeitos no caso. O inquérito foi arquivado por falta de provas.
Para a justiça, o casal é inocente. Mas um homem não concorda. Gonçalo Amaral foi o policial que comandou as investigações logo depois do desaparecimento. E tem outra conclusão. Os pais são culpados daquilo que aconteceu. Em termos de investigação, ocorreu um acidente em casa, a criança morreu, e o corpo foi ocultado.
Gonçalo foi afastado do caso. Por isso pediu demissão da polícia e escreveu um livro chamado "a verdade da mentira". Os pais de Madeleine processaram o ex-policial e pedem uma indenização equivalente a R$ 3 milhões.
E a investigação foi bem feita? O casal Mccann teve uma relação difícil com os policiais desde o início. Acusam as autoridades portuguesas de lentidão na procura de Madeleine e de erros na coleta de evidências.
O principal indício contra os dois foram vestígios do DNA encontrados num carro que eles alugaram 24 dias depois do desaparecimento da filha. Os vestígios não foram considerados suficientes pelos laboratórios para provar que o corpo da menina foi levado no carro.
Para Gonçalo Amaral, o grande problema do inquérito foram as pressões diplomáticas da Grã-Bretanha para inocentar o casal. “Eu fui afastado da investigação porque me pediram pra arquivar o processo”, diz Gonçalo.
Os pais não são culpados de negligência? A distância entre o quarto onde Madeleine dormia e o restaurante em que os pais jantavam é de 50 metros em linha reta. Contornando a piscina e passando pelos portões, a caminhada chega a 120 metros.
Além disso, entre a piscina e os apartamentos, existe uma via pública. Essa ruela, um acesso livre para qualquer criminoso. Nos fundos, a janela do quarto das crianças está no térreo e pode ser vista da rua.
Pela lei brasileira, os pais de Madeleine muito provavelmente estariam condenados por abandono de incapaz. Gerry garante que eles agiram corretamente, segundo as leis britânicas. Mas que isso não elimina o sentimento de culpa. No fim das contas, ele admite: “Nós falhamos. Criamos a oportunidade para alguém levar a nossa filha."
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