sábado, 14 de abril de 2012

Especialista define o que é um embrião com anencefalia

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira pela descriminalização do aborto de fetos anencefálicos (com ausência de cérebro). A votação foi precedida de um amplo debate ideológico na sociedade, mas de pouca discussão técnica. O embriologista especializado em formação do cérebro José Garcia Abreu, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, apontou pontos que definem o embrião com a anomalia e explicou o que acontece na gravidez de um embrião anencéfalo. Abreu diz que os sinais são mais perceptíveis no primeiro mês de gravidez, quando o cérebro começa a tomar sua forma. Entre a quarta e a oitava semanas, o problema é detectável, caso a mulher esteja ciente da gestação. Para que o aborto seja realizado com segurança para a saúde da mulher, o procedimento deve ser realizado ainda na fase embrionária, ou seja, até a oitava semana, diz o especialista. Depois disso, o aborto pode representar riscos para a mulher.

A anencefalia abrange a calota craniana - região localizada acima da sobrancelha e que segue até a nuca - e está enquadrada entre as doenças derivadas de defeitos do tubo neural. Segundo Abreu, essa fase seriam os primórdios do sistema nervoso central. Diferente do que ocorre com um embrião saudável, o problema está na formação do tubo neural, que começa na terceira semana de gestação (21º dia). O tubo vai dar origem a todo o sistema nervoso, dividido em encéfalo, que é o crânio, e a medula, a coluna vertebral.

"No 24º dia de gestação, o tubo se fecha anteriormente. A anomalia acontece nessa fase, pois uma parte dele fica aberta e não avança para o próximo estágio, que é o início do desenvolvimento cerebral. Sem fechar, as interações celulares não ocorrem, embora todo o resto do corpo seja desenvolvido", explica Abreu.

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